Casa luxuosa no deserto da Namíbia, inspirada em um ninho de pássaros, se camufla na paisagem
A partir da observação dos ninhos de tecelão-social, pássaro nativo da África do Sul, Namíbia e Botswana, que o designer sul-africano Porky Hefer se inspirou para criar o The Nest, uma casa construída com os princípios da arquitetura vernacular (estilo que se baseia no uso de materiais e técnicas construtivas com caráter cultural, priorizando a preservação do meio ambiente a partir dos métodos tradicionais da região onde é aplicada) na reserva privada Namib Tsaris Conservancy, localizada em um vale remoto do deserto da Namíbia.
Porky Hefer se juntou a Swen Bachran, proprietário da área de conservação de 24.000 hectares, para pesquisar na região onde construir a habitação que poderia ser uma versão ampliada dos 'ninhos' - móveis semelhantes a cápsulas - pelos quais o designer estava se tornando conhecido. Hefer nunca havia projetado uma casa antes e os materiais precisariam ser transportados por 480 km de distância. Então, observando os tais ninhos – enormes, com capacidade de hospedar centenas de aves, feitos de pedaços de pau e capim e dispondo de áreas frescas durante o dia e áreas internas que os protegem das temperaturas frias da noite – ele pensou: “por que não aplicar suas técnicas eficientes em uma casa para humanos?”
“Foi um processo orgânico. Construímos tudo usando artesãos locais e materiais no estilo tradicional da região. Construir longe da cidade foi uma dificuldade e uma bênção”, explica o designer, que passou três anos buscando um construtor local à altura da tarefa. “Isso significava que podíamos fazer o que queríamos, mas logisticamente era insano.” Ao todo, a casa levou 5 anos para ser construída.
O design foi todo desenhado à mão. Começou com esboços simples de unidades menores, mas cresceu para a estrutura de três andares e quatro quartos/banheiros que existe hoje. Hefer teve o cuidado de garantir que o edifício se fundisse com a paisagem ao invés de dominá-la. As formas das montanhas circundantes, a textura dos materiais, as camadas de rocha e as cores da paisagem foram todos levados em consideração e ajudaram a encaixar tão bem o “The Nest” naquele ponto.
A maior parte da estrutura consiste em um esqueleto de uma barra de aço dobrada à mão que é coberta com junco colhido de forma sustentável no norte da Namíbia. A pedra utilizada é o granito da região, aplicado na vertical para imitar a casca da árvore espinho-de-camelo (Acacia erioloba) que é abundante na área. Os tijolos foram feitos à mão com pedras e areia de rio. Foram também utilizadas madeiras locais, como o Kiaat e a Teca da Rodésia.
Os ninhos de tecelão-social inspiraram os mecanismos para tornar a morada agradável em um ambiente tão extremo: há uma lacuna entre as paredes interna e externa e isso aumenta e diminui de acordo com a quantidade de isolamento necessário. A área de estar é bem grande e ajuda a refrescar nos dias de muito calor, enquanto no inverno os quartos menores retêm o calor do dia para as noites mais frias. Ambas as paredes externas e internas são de palha, criando um ambiente único. A maior parte é levantada do chão para que o vento que sopra sob o prédio ajude a resfriar a estrutura.
Para seu funcionamento, a casa dispõe de uma rede própria de abastecimento de água e uma complexa unidade de energia solar e bateria, combinando a arquitetura artesanal e vernacular às mais recentes tecnologias verdes para tornar “the Nest” possível e confortável. Quanto ao projeto de interiores, Hefer e sua esposa, a designer e curadora Yelda Bayraktar, começaram a decoração, depois entregando ao especialista da Cidade do Cabo Maybe Corpaci. Eles optaram por “móveis embutidos, muito parecidos com os de um ninho, acentuados por algumas grandes peças com um toque modernista”.
O proprietário das terras, Swen Bachran, buscava, em paralelo, reabilitar a área que já havia sido povoada por abundante vida selvagem, graças às suas piscinas naturais e cachoeiras quase o ano todo. Bachran instalou novas estradas, removeu quilômetros de cercas e está gradualmente reintroduzindo antílopes, zebras, girafas, grandes felinos e roedores. Há também planos para reintroduzir o rinoceronte negro, ameaçado de extinção. Não é por acaso que um dos desafios da construção foi driblar os animais da reserva: durante o processo, tiveram surpresas como babuínos desmontando o chuveiro ao ar livre e um filhote de leopardo que se alojou sob as fundações. Depois de pronta, os animais se acostumaram logo à estrutura e à movimentação da casa. As zebras são conhecidas por se juntarem aos convidados no cinema ao ar livre e a tropa de babuínos passou a observar com interesse, em vez de destruir por curiosidade. Verdadeiramente, “the Nest” se tornou parte da paisagem local.
Fonte: Archdaily e Wallpaper
Inspirados pelo projeto “the Nest”, selecionamos alguns tapetes da Avanti que se encaixariam tanto na impressionante casa na Namíbia, quanto em uma decoração contemporânea com toque artesanal. Confira!
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